Os cinco sentidos ajudam as crianças a descobrir o mundo a sua volta. No recém-nascido, o olfato, o paladar, a visão, a audição e o tato, se encontram em fase de amadurecimento, em diferentes níveis.
Entender melhor o assunto ajuda os pais a oferecer os estímulos adequados, que podem contribuir para a ampliação das competências motoras, sociais e afetivas do bebê, e assim potencializar o seu desenvolvimento. Veja como nesse texto.
OLFATO:
Responsável pela habilidade de sentir odor, começa a se desenvolver a partir da 28ª semana de gestação. Ao longo do terceiro trimestre da gravidez, a placenta se torna cada vez mais permeável, possibilitando que o bebê entre em contato com uma vasta gama de cheiros, mesmo dentro da barriga da mãe.
O pequeno também é capaz de identificar e associar à figura materna o cheiro do leite. No entanto, apesar dos recém-nascidos já serem capazes de diferenciar os cheiros, tanto quanto os adultos, eles não possuem a percepção consciente. Portanto, suas respostas são norteadas pelo reflexo. Ao passo em que a audição e a visão ainda não se desenvolveram completamente, o olfato e o tato são sentidos que norteiam as primeiras experiências dos bebês no mundo.
TATO:
O primeiro dos sentidos a surgir, antes mesmo do nascimento. Com cinco semanas de gestação o bebê já possui o nariz e o lábio sensíveis, e essa sensibilidade rapidamente se estende para as outras regiões do corpo.
Pode ser dividido em quatro tipos de habilidades sensoriais: a capacidade de sentir o toque; de sentir diferentes temperaturas; de sentir dor; noções de posição e movimento do próprio corpo. Todas essas sensações se iniciam na pele, tornando o tato um dos sentidos essenciais não só para o desenvolvimento da sensibilidade ao toque, mas para a progressão do sistema cognitivo adequado.
Contudo, os recém-nascidos não são capazes de perceber esses estímulos com a rapidez de um adulto, bem como não conseguem organizar e interpretar as sensações. Somente quando eles completam seis anos de idade é que conseguirão processar essas informações de forma adequada.
O tato é um importante meio de comunicação e formação do vínculo entre a criança e os pais. Acalmar ou despertar o bebê, por exemplo, por meio do toque, é um hábito corriqueiro mas que contribui para o desenvolvimento emocional da criança.
PALADAR:
O sistema gustativo, assim como o olfativo, também surge durante o terceiro trimestre de gestação, sendo um dos sentidos mais importantes para o bebê. Sua relevância não se resume só ao aspecto nutricional. O paladar proporciona experiências sensoriais que podem influenciar o pequeno emocionalmente.
Os bebês são capazes de sentir diferentes sabores antes mesmo de nascer, o que traz consequências para o seu desenvolvimento. Isso pode influenciar a preferência por determinados alimentos e ajudar a identificar a mãe, tendo em vista que muitos dos sabores presentes no líquido amniótico também estão no leite materno.
Os bebês têm preferência por sabores doces, que se assemelham ao sabor adocicado do leite materno, e provocam sensações prazerosas no corpo. Um estudo constatou que eles são capazes de reagir positiva ou negativamente para substâncias adocicadas ou amargas.
O momento em que o paladar mais se desenvolve, portanto, é durante a infância. Noções importantes como o que é ou não comestível são aprendidas gradualmente de acordo com a experiência própria e as orientações recebidas pelos pais e familiares próximos.
VISÃO:
O sistema visual é um dos mais rudimentares nos recém-nascidos, isso porque ele é um dos únicos a não receber nenhum tipo de estímulo quando os bebês ainda estão dentro do útero da mãe. Apesar dos olhos captarem os pontos de luz, a retina e o cérebro dos bebês, nos primeiros meses de vida, não são capazes de processar as informações que chegam, como formas, cores e distância. No entanto, os pequenos conseguem identificar o rosto de pessoas de maior convivência e principalmente da mãe.
Durante os primeiros meses de vida, os bebês têm uma visão bidimensional, visto que o cérebro ainda não é capaz de identificar a profundidade dos ambientes. Somente quando eles chegam aos seis meses é que desenvolvem completamente as habilidades visuais primárias, como a identificação de profundidade espacial, cor, forma e controle do movimento dos olhos. Com um ano, a tendência é que a visão esteja funcionando em perfeita sintonia.
O sistema visual é um dos mais complexos de todo o organismo humano – o que justifica que ele ocupe uma maior parte do cérebro. E mesmo que se desenvolva tardiamente, quando comparada com a progressão dos outros sentidos, a visão é uma das formas mais estimulantes e enriquecedoras para a construção do mundo durante a primeira infância.
PALADAR:
O sistema auditivo já está completamente formado cerca de 12 semanas antes dos bebês virem ao mundo. Portanto, quando nascem, eles já são capazes de preferir ou preterir determinados barulhos e ruídos. Naturalmente, os pequenos preferem ouvir a voz materna, principalmente quando a fala é mansa, de cadência lenta e musicada.
Diferentemente do que acontece com a visão, em relação à audição, os pequenos preferem estímulos mais complexos, como músicas. A audição também difere da visão em outro aspecto: ao passo em que o sistema visual surge mais tardiamente e se desenvolve com rapidez, a audição já está presente desde o início e vai se desenvolvendo gradualmente. Diversos estudos apontam que sua progressão está intimamente relacionada ao desenvolvimento da linguagem.
Outra questão importante diz respeito ao aspecto psicológico e emocional dos pequenos: a audição é responsável por estruturar a fala, uma das formas mais expressivas que temos para colocar nossas emoções para fora. Durante os primeiros meses de vida, ouvir também é uma das únicas formas dos bebês de conseguirem desenvolver noções espaciais através do volume e da frequência das vozes de ruídos.
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